O raciocínio construtivo de Geraldo de Barros para as diversas composições Unilabor de móveis baixos para sala ou quarto baseava-se num elemento principal: a caixa. A versatilidade de uso pretendida pelo projeto, pelas combinações desses elementos usados quer como parte de um conjunto ou isoladamente, baseava-se nos princípios da estante MF 710 – um dos sistemas mais representativos do pensamento industrial do mestre. Esta caixa, descrita em catálogo como UL 25 é composta de uma fileiras de 2 gavetas. Foi bastante usada para compor conjuntos (mesas de toucador, por exemplo, tão comuns na época) mas, acompanhada dos pés metálicos em forma de L, pode ser usada como mesa de apoio para sofá ou cabeceira.
MEDIDAS
Altura:
60 cm
Largura:
53 cm
Profundidade:
42 cm
MATERIAIS E ACABAMENTO
Aço carbono, MDF, lâminas de pau-ferro e laca.
SOBRE Geraldo de Barros
Pioneiro do design brasileiro, o artista Geraldo de Barros (1923-1998) iniciou a carreira dedicando-se à pintura figurativa, mas ganhou notoriedade ao estabelecer vínculos com a arte experimental. Nascido na cidade paulista de Chavantes, foi precursor da fotografia abstrata e do modernismo no Brasil, além de ser considerado um dos maiores expoentes do movimento concretista. Destacou-se ainda como fundador e membro de importantes movimentos e associações artísticas em São Paulo. Alguns exemplos são o Grupo 15, ateliê criado em 1947, por 15 artistas, onde Barros construiu um laboratório de fotografia; o Grupo Ruptura, que nasceu em 1952, com a proposta de renovar as artes plásticas brasileiras e se firmou como o maior articulista do concretismo; e a Galeria Rex, fundada no verão de 1966, em parceria com Nelson Leirner e Wesley Duke Lee e que se tornou sinônimo de comportamento e estilo de vida na época.
A partir de 1954, Geraldo de Barros passou a aplicar o espírito antiacadêmico e a experiência inovadora de independência e inconformismo que já caracterizavam sua produção artística no universo do mobiliário e da comunicação visual. Seu objetivo era "socializar o bom gosto", criando móveis industrializáveis em grandes séries, vendidas a preços acessíveis, com qualidade de produção e design. Para colocar suas propostas em prática, criou em 1954, em parceria com o Frei João Batista Pereira dos Santos, a Unilabor, oficina-comunidade operária para fabricação de móveis seriados, que existiu até 1967. Na Unilabor, os funcionários tinham participação na direção e nos lucros, além de aulas de arte e desenho industrial. Todas as criações nasciam das discussões em torno da forma, da função e do modo de produção, segundo os conceitos de beleza e utilidade.
No final da década de 1950, fundou também a Form-Inform, empresa de criação de marcas e logotipos. Um de seus sócios na empreitada foi Alexandre Wollner, um dos principais nomes do design gráfico no Brasil. Já nos anos 1970, Geraldo de Barros foi o nome por trás da marca Hobjeto, um sucesso comercial importante na história do móvel brasileiro. Para a marca, desenhou inúmeros móveis, mas também carrinhos de chá e pequenas mesas encaixáveis, peças mais fáceis de serem produzidas em larga escala e a um custo mais acessível, como sonhava.
A partir da década de 1980, já com a saúde debilitada, retornou à fotografia e passou a se dedicar à série “Sobras”, em que realizou interferências gráficas sobre negativos, retomando a pesquisa iniciada nos anos 1940 com sobras de material fotográfico.